A primeira coisa necessária é saber que há dentro de nós um jardim, que ele está lá desde que aqui chegamos (em cada jornada encarnatória). As nossas vivências, cada passagem do nosso aprendizado lá se encontram armazenadas, nossas dores, nossas alegrias nossos amores.
Os anos vão passando e o nosso jardim se expande com cada coisa nova que aprendemos. Muitos de nós nem tomam conhecimento de sua presença, às vezes ele fica tão relegado, tão abandonado... Algumas vezes uma grande dor nos faz saber da sua existência, então é hora de lá entrar e ver as flores que a gente não cuidou; encontramos a flor da paciência murchinha, murchinha, mas ainda viva apenas querendo ser regada e nutrida, o lírio do perdão decaído, o lago da compaixão quase seco.
É preciso coragem para reabilitar o jardim que deixamos de cuidar. Para tanto se faz necessário repensar cada momento vivido, compreender as lições trazidas por todas as experiências e por todas as pessoas com as quais convivemos. Quando nos dispomos a rever e repensar a compreensão se expande.
Quando vemos e entendemos o que o outro nos trouxe como lição a ser aprendida, nos damos conta do quanto fomos negligentes com tantos aspectos que num primeiro momento não pareciam ter a mínima importância: quando não vimos a necessidade de ser mais tolerantes, quando a paciência nos escapava por entre os dedos por que não tínhamos tempo a perder com os outros, quando nos sentíamos ofendidos, magoados vendo apenas o que o outro não nos deu (atenção e nos faltou com o amor e o respeito) e não soubemos perdoá-lo e nem ter um mínimo de compaixão pelo sofrimento alheio. Muitas vezes não paramos para sequer pensar no que o outro poderia ter sentido com as nossas atitudes a nossa falta de tato para expandir o nosso horizonte e olhar o outro de fato.
...E assim sentados à beira do nosso jardim quase destroçado constatamos perplexos tudo o que poderíamos ter feito e não fizemos. Aqui e agora não nos cabe a culpa pelas ações que não praticamos, e sim ouvir aquela voz quase um sussurro dizendo-nos que ainda há tempo, que ainda há uma chance para nosso jardim ser recuperado, só é preciso arregaçar as mangas e por as mãos na terra do amor, onde a flor da paciência, o lírio do perdão e o lago da compaixão podem voltar a se nutrir.
Cuidando de tudo com carinho podemos nos tornar um jardineiro interno, apreciando cada flor com a atenção que ela necessita, estando presente em nosso jardim sempre, sem descuidá-lo e então compreenderemos as lições da vida e cada aspecto da nossa missão. E agora podemos ter um outro olhar pelo outro, pela sua dor, compreendendo que ali também há um jardim, que aquela alma também pode se tornar um jardineiro, mas antes é preciso aprender como sê-lo... O jardineiro que nos tornamos pode se transformar num “jardineiro de almas”, o nosso semelhante também precisa aprender como ser o seu curador e curar a sua própria alma – a nossa participação é de vital importância, precisamos nos empenhar no nosso processo de crescimento e cura.
...E tudo isso começou porque estávamos pensando em Dr. Bach, no seu trabalho e descoberta das essências florais que cuidam tão bem da nossa alma se assim o quisermos.
Namastê!
Texto: Conceição Carvalho
Imagens: Internet